quarta-feira, 31 de outubro de 2012

TINTAS!! Técnicas para aprender e se divertir.


Impressão Negativa com bandeja de isopor e tinta guache.




















 













Esta atividade contempla os objetivos planejados para o desenvolvimento do desenho infantil. Além de proporcionar a reflexão sobre as formas de registrar a realidade e de se expressar, proporciona às crianças o manuseio de materiais diferentes que também podem servir para fazer desenhos. Na experiência com este manuseio, as crianças desenvolvem estratégias que vão ajudá-las a realizar a atividade de acordo com suas intenções. Também experimentam novas sensações, lidam com desafios motores e cognitivos e constroem conhecimento a partir da vivência.

A atividade consiste em desenhar numa placa de isopor (daquelas bandejinhas de alimentos) com um lápis sem ponta, produzindo um desenho em baixo relevo. Depois, cobrir a placa com tinta guache e "carimbar" uma folha de papel canson, para ver o desenho ser transferido negativamente (contornos em branco e preenchimento colorido, e não positivamente como costumam ser os carimbos: contornos coloridos e preenchimento branco).























Realizamos a atividade por etapas. Foram elas:

- Preparando a atividade.

Pensei em, logo de cara, criar uma situação na qual as crianças seriam desafiadas a levantar hipóteses sobre as técnicas utilizadas. Fiz, eu mesma, um desenho no isopor, cobri com tinta verde utilizando um rolo de espuma, e imprimi no canson. Eu tinha dois objetivos: primeiro, testar a eficiência dos materiais: corrigir possíveis problemas, decidir qual seria a melhor técnica e os melhores materiais; 2) Confeccionar um "modelo" que serviria também de material de análise.

Levei a figura pronta à escola, junto com a placa de isopor que havia utilizado e, antes de mostrar às crianças, disse a elas que naquele dia eu lhes ensinaria um "truque" com tinta, mas que era segredo e eles teriam que descobrir, sozinhos, como funcionava o truque.

Mostrei a figura pronta e perguntei o que era. O consenso: um desenho! Perguntei, então, sobre as figuras que podiam ser identificadas no desenho, sobre as cores presentes (verde e branco), e com o que eu tinha feito aquele desenho. Enquanto isso, o desenho passava de mão em mão, e cada criança que o segurava tinha certeza: a professora havia usado tinta. Também perguntei sobre como eles achavam que eu tinha feito para desenhar aquelas figuras. Surgiu a hipótese de que eu havia usado tintas verde e branca. Pedi que pegassem novamente o desenho e verificassem se, nas partes brancas, havia tinta. Tatearam, esfregaram, viraram o papel. Conclusão: não, o branco era do papel mesmo. Só o verde era de tinta. Perguntei novamente como eles achavam que eu tinha conseguido deixar aquelas partes brancas sem tinta, formando as figuras.
“ – Você colocou brinquedinhos em cima do papel, depois pintou com tinta verde, depois tirou os brinquedinhos e o papel tava branco.”
“ – Não, a prô colocou um barbante de coração, depois pintou com tinta verde e tirou o barbante pra deixar o coração branco.”
“ – Eu acho que a prô usou um pincel bem com cuidado e deixou o branco sem pintar.
Foi então que eu lhes mostrei o isopor manchado de tinta verde e com as mesmas figuras, disse tê-lo usado para fazer o desenho. Entreguei o isopor para as crianças manusearem, porém sem lhes contar de que material se tratava ou como eu havia desenhado nele, ou como ele tinha sido utilizado. Observei os comentários das crianças:
“ – É papelão!”
“ – Tá afundado...”
“ – A prô usou palito pra afundar, né...”
“ – Já sei! (a criança correu até  armário, pegou uma bandejinha de isopor limpa e a trouxe para mim, junto com o isopor que eu havia usado). É isso aqui, foi isso que você usou.”
Nesse momento eu revelei o “truque”, pois as crianças o haviam descoberto. Também informei que o nome daquele material é isopor, e que é um tipo de plástico macio.

- Desenho no isopor.

         












Separei uma mesa de seis lugares para chamar as crianças aos poucos e orientar a atividade. Nas outras quatro mesas, espalhei brinquedos variados, massinha e materiais de desenho livre.
         Deixei que cada criança escolhesse seu pedaço de isopor. Como foram retirados de bandejas reutilizadas, havia formas, tamanhos e espessuras variadas. Entreguei lápis sem ponta para que as marcas fossem feitas, e fiz uma rápida demonstração de como fazer. Expliquei que o isopor não deveria ser vazado nem quebrado. Sugeri desenhos de livre escolha.


Algumas crianças tiveram dificuldade para fazer os traços no isopor, por se tratar de um material que oferece certa resistência, e porque era preciso “afundar” o traço e ao mesmo tempo manter sua continuidade. “É duro”, alguns comentaram. Houve quem resolveu esse problema desenhando só com “furinhos”, e outras crianças preferiram desistir da figuração e fazer traços aleatórios.






Mas houve crianças que se mantiveram firmes e descobriram que, ao invés de empurrar o lápis, era mais fácil e eficiente puxá-lo. Mudavam a posição do isopor para garantir que todos os traços fossem feitos “puxando” o lápis. Com isso, a visão geral do desenho era modificada (era preciso compreender a figura e planejar o próximo traço, vendo o desenho de ponta cabeça ou lateralmente). Alterando a direção do traço, reformularam o planejamento de seu desenho e resolveram o problema.








- Aplicação da tinta e impressão no papel.


     








Depois que todas as crianças já haviam feito seu desenho no isopor, começamos a etapa de impressão. Optei por utilizar um rolinho de espuma para aplicar a tinta sobre o isopor. Primeiro, pela eficiência do instrumento (que eu já havia testado). Segundo (mas não menos importante), por se tratar de um instrumento que as crianças ainda não haviam vivenciado, e que proporcionaria sensações e efeitos novos: várias crianças comentaram que o rolinho era macio, mole, fofo... mesmo sem ter ouvido antes os comentários das outras crianças. Isso significa que a expectativa acerca do instrumento era diferente da sensação que tiveram ao experimentá-lo, ou seja, algumas crianças não esperavam que o rolo fosse macio.
         Um a um, chamei os alunos à minha mesa, que estava forrada com plástico (o rolinho de espuma não é muito preciso e, por isso, escapa das laterais do isopor, sujando a superfície). Espalhei tinta guache numa bandeja plástica rasa, e eu mesma passei o rolo na tinta, para evitar muita sujeira. Entreguei o rolinho à criança, que deveria cobrir a superfície do isopor e depois utilizá-lo para carimbar o papel.

         Os trabalhos concluídos ficaram expostos no corredor da EMEI durante a semana de 29/10 a 01/11.