Impressão Negativa com bandeja de isopor e
tinta guache.
A atividade consiste em desenhar numa placa de isopor (daquelas
bandejinhas de alimentos) com um lápis sem ponta, produzindo um desenho em
baixo relevo. Depois, cobrir a placa com tinta guache e "carimbar"
uma folha de papel canson, para ver o desenho ser transferido negativamente
(contornos em branco e preenchimento colorido, e não positivamente como
costumam ser os carimbos: contornos coloridos e preenchimento branco).
Realizamos a atividade por etapas. Foram elas:
- Preparando a atividade.
Pensei em, logo de cara, criar uma situação na qual as crianças
seriam desafiadas a levantar hipóteses sobre as técnicas utilizadas. Fiz, eu
mesma, um desenho no isopor, cobri com tinta verde utilizando um rolo de
espuma, e imprimi no canson. Eu tinha dois objetivos: primeiro, testar a
eficiência dos materiais: corrigir possíveis problemas, decidir qual seria a
melhor técnica e os melhores materiais; 2) Confeccionar um "modelo"
que serviria também de material de análise.
Levei a figura pronta à escola, junto com a placa de isopor que
havia utilizado e, antes de mostrar às crianças, disse a elas que naquele dia
eu lhes ensinaria um "truque" com tinta, mas que era segredo e eles
teriam que descobrir, sozinhos, como funcionava o truque.
Mostrei a figura pronta e perguntei o que era. O consenso: um
desenho! Perguntei, então, sobre as figuras que podiam ser identificadas no
desenho, sobre as cores presentes (verde e branco), e com o que eu tinha feito
aquele desenho. Enquanto isso, o desenho passava de mão em mão, e cada criança
que o segurava tinha certeza: a professora havia usado tinta. Também perguntei
sobre como eles achavam que eu tinha feito para desenhar aquelas figuras.
Surgiu a hipótese de que eu havia usado tintas verde e branca. Pedi que
pegassem novamente o desenho e verificassem se, nas partes brancas, havia
tinta. Tatearam, esfregaram, viraram o papel. Conclusão: não, o branco era do
papel mesmo. Só o verde era de tinta. Perguntei novamente como eles achavam que
eu tinha conseguido deixar aquelas partes brancas sem tinta, formando as
figuras.
“ – Você
colocou brinquedinhos em cima do papel, depois pintou com tinta verde, depois
tirou os brinquedinhos e o papel tava branco.”
“ – Não,
a prô colocou um barbante de coração, depois pintou com tinta verde e tirou o
barbante pra deixar o coração branco.”
“ – Eu
acho que a prô usou um pincel bem com cuidado e deixou o branco sem pintar.
Foi então que eu lhes mostrei o isopor
manchado de tinta verde e com as mesmas figuras, disse tê-lo usado para fazer o desenho. Entreguei o isopor para as crianças
manusearem, porém sem lhes contar de que material se tratava ou como eu havia
desenhado nele, ou como ele tinha sido utilizado. Observei os comentários das
crianças:
“ – É
papelão!”
“ – Tá
afundado...”
“ – A prô usou palito pra afundar, né...”
“ – Já
sei! (a criança correu até armário,
pegou uma bandejinha de isopor limpa e a trouxe para mim, junto com o isopor
que eu havia usado). É isso aqui, foi
isso que você usou.”
Nesse momento eu revelei o “truque”, pois as
crianças o haviam descoberto. Também informei que o nome daquele material é
isopor, e que é um tipo de plástico macio.
- Desenho
no isopor.
Separei
uma mesa de seis lugares para chamar as crianças aos poucos e orientar a
atividade. Nas outras quatro mesas, espalhei brinquedos variados, massinha e
materiais de desenho livre.
Deixei
que cada criança escolhesse seu pedaço de isopor. Como foram retirados de bandejas
reutilizadas, havia formas, tamanhos e espessuras variadas. Entreguei lápis sem ponta para que as marcas fossem feitas, e fiz uma rápida demonstração de
como fazer. Expliquei que o isopor não deveria ser vazado nem quebrado. Sugeri
desenhos de livre escolha.
Mas houve crianças que se mantiveram
firmes e descobriram que, ao invés de empurrar o lápis, era mais fácil e
eficiente puxá-lo. Mudavam a posição
do isopor para garantir que todos os traços fossem feitos “puxando” o lápis.
Com isso, a visão geral do desenho era modificada (era preciso compreender a figura
e planejar o próximo traço, vendo o desenho de ponta cabeça ou lateralmente).
Alterando a direção do traço, reformularam o planejamento de seu desenho e
resolveram o problema.
- Aplicação
da tinta e impressão no papel.
Depois
que todas as crianças já haviam feito seu desenho no isopor, começamos a etapa
de impressão. Optei por utilizar um rolinho de espuma para aplicar a tinta
sobre o isopor. Primeiro, pela eficiência do instrumento (que eu já havia
testado). Segundo (mas não menos importante), por se tratar de um instrumento
que as crianças ainda não haviam vivenciado, e que proporcionaria sensações e
efeitos novos: várias crianças comentaram que o rolinho era macio, mole, fofo... mesmo sem ter ouvido antes os comentários das outras crianças. Isso significa que a expectativa acerca do instrumento era diferente da sensação que tiveram ao experimentá-lo, ou seja, algumas crianças não esperavam que o rolo fosse macio.
Um
a um, chamei os alunos à minha mesa, que estava forrada com plástico (o rolinho
de espuma não é muito preciso e, por isso, escapa das laterais do isopor,
sujando a superfície). Espalhei tinta guache numa bandeja plástica rasa, e eu
mesma passei o rolo na tinta, para evitar muita sujeira. Entreguei o rolinho à
criança, que deveria cobrir a superfície do isopor e depois utilizá-lo para
carimbar o papel.
Os
trabalhos concluídos ficaram expostos no corredor da EMEI durante a semana de
29/10 a 01/11.
Um trabalho muito criativo que engloba diversas habilidades que as crianças precisam desenvolver para conseguir fazer o desenho. Além de ficar lindo, a criatividade é tudo. Adoreiii!!!!!
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