segunda-feira, 21 de maio de 2012

É EXATAMENTE O QUE PARECE - mas também é muito mais!!

As atividades " livres" das crianças nos diferentes espaços da escola: suas especificidades, seus significados e as aprendizagens implicadas na ação de brincar.

(OU: para que servem as atividades "livres" da criança na escola?)

BRINQUEDOS NA SALA DE AULA
Todos os espaços disponíveis na escola são espaços de brincar. E isso, na Educação Infantil, significa espaços de aprender! Em sala de aula trabalhamos atividades dirigidas, mas também atividades "livres". Os brinquedos de montar e encaixar são ótimos instrumentos para este espaço. Trabalhamos regras, respeito aos colegas, cuidado com os materiais e com a organização do espaço após brincar. Mas, além desses aspectos "externos" à brincadeira, também proporcionamos momentos de desenvolvimento e aprendizagem específicos de cada brincadeira em si.


O que parece? Parece uma criança unindo pinos para formar uma grande vara. É isso mesmo, mas não apenas isso: a criança está estudando o brinquedo, avaliando suas possibilidades - e seus limites (pois em algum momento, a vara se partirá e não será possível erguê-la após atingir um determinado tamanho). É natural, nos primeiros contatos com o material, que as crianças explorem suas possibilidades e formas de brincar. Aqui, as crianças unem as peças aleatoriamente, criando uma vara que enverga e que fica maior do que seu pequeno controle manual. Ao brincar, crianças realizam atos de estudo e planejamento.


O que parece? Parece uma criança encaixando pinos. É isso mesmo, mas também é mais: ao encaixar os pinos, a criança está sendo desafiada a afinar sua coordenação motora e sua coordenação viso-motora. Ela observa as características do material, levanta hipóteses sobre como deve proceder para chegar ao resultado desejado, confere essas hipóteses, desmonta e remonta tudo de novo, se necessário. Separa as peças adequadas, tenta e erra, até acertar. Isso, em outras palavras, se chama estudo! Sim, nós professores vemos uma criança estudando a situação, resolvendo problemas, refletindo e criando estratégias de ação.


E o objeto, que na realidade é apenas o encaixe de pinos coloridos, se transforma numa "coroa de princesa", graças à imaginação e ao jogo simbólico.


Com a sensibilidade profissional que temos, nós professores sabemos identificar o momento adequado para realizar intervenções: "Se essa é sua coroa de princesa, como seria a coroa da Rainha?". Essa intervenção pôde ser feita porque a professora, através da observação da brincadeira, já havia notado que a criança dominava as possibilidades e limites do brinquedo, e já o havia estudado o suficiente para tornar mais complexa sua ação sobre ele. E ei-la: a coroa da Rainha!!


Através das criações infantis podemos identificar áreas de interesse dos pequenos, para depois planejar atividades dirigidas. Aqui, fomos "informados" de que algumas crianças conhecem o objeto "lupa" e sabem de suas funções. Cabe a nós planejar atividades de exploração da lupa e COM a lupa, partindo de um interesse que "apareceu sem querer" durante uma brincadeira livre com brinquedos de montar.
*********************************************************************************
BRINQUEDOS E BRINCADEIRA SIMBÓLICA NA BRINQUEDOTECA
A Brinquedoteca também é um lugar de brincadeiras, mas pela sua natureza favorece o jogo simbólico, isto é, o faz-de-conta. Através do jogo simbólico a criança pensa sobre o mundo, reflete sobre ele e aprende, desequilibrando conceitos anteriores e reconstruindo-os com mais complexidade.


Observando a postura desta criança diante do pianinho, podemos perceber quais conhecimentos prévios acerca deste objeto a criança já tem construídos. É cultural aprender que piano deve ser tocado com os dedinhos, e a criança "imita" esse movimento. Também é preciso estar sentado (a cadeira estava em outro canto da sala e foi levada ao piano pela criança). 

E as coisas ficam melhores: faz parte do universo cultural da música, em algum momento, utilizar fones enquanto se tocam instrumentos. Nós, adultos, podemos até saber que uma das funções do fone é melhorar o retorno, ou oferecer o contexto musical no qual os acordes do piano devem se inserir. A criança "intui" que o fone tem alguma função (porque já viu isso em algum lugar) e pode muito bem ser combinado com o piano. É possível supor, para profissionais atentos, que esta criança já assistiu a algum tipo de gravação musical ou performance de músicos, e agora está imitando o que viu para construir mais conhecimentos através da vivência.
*********************************************************************************
LEITURA DE GIBIS EM SALA DE AULA
A leitura é uma atividade constante na Educação Infantil, mesmo que as crianças ainda não saibam ler convencionalmente. Os professores realizam para elas a leitura em voz alta, e atuam como porta-vozes do mundo dos portadores textuais - mas esse é um assunto para outra postagem. Nesta, estamos abordando os momentos de "atividades livres". E como as crianças que ainda não lêem convencionalmente podem atuar  livremente com portadores de língua escrita? Na sala de aula oportunizamos momentos de livre manuseio e exploração do material, para que a criança se familiarize com a maneira de segurar/apoiar os portadores, exercite a observação e interpretação das ilustrações (que, em cada portador, tem características próprias e diferentes), aprimore sua organização espacial e movimentação corporal adequados para momentos de atividade de "leitura". E, levando a fundo o próprio conceito de leitura, tudo pode ser lido!!

O que parece? Parece uma criança lendo gibi. E é exatamente isso - só que também é muito mais. Mas... espere: essas crianças não sabem ler! Sim, elas sabem. Sabem ler a linguagem corporal de quem lida com livros (veja como este pequeno se senta e se acomoda para "ler"). Aprender a ler a linguagem subjetiva dos quadrinhos, e nos mostram "-Olha, prô, o Cebolinha ficou nervoso." A professora questionou: "- Como você sabe que ele está nervoso?" E a criança: "- Porque a cara dele tá vermelha e brava." 
Expressões faciais e aplicação das cores são recursos linguísticos próprios do gênero dos quadrinhos, que o autor utiliza para informar o contexto das ações, uma vez que a parte escrita se destina quase que exclusivamente aos diálogos entre as personagens. Saber "ler" os recursos linguísticos específicos do gênero em questão, faz parte da leitura eficiente. E esse saber se constrói no contato direto com o portador textual (no caso, o gibi), livre para observar sem pressa, no nível de concentração e tempo que cada criança necessita para aprender.

Saber organizar o espaço físico também é uma aprendizagem importante, e que acontece nas atividades "livres". Evidentemente, há orientação prévia e constante do professor para que se mantenha o espaço organizado. A organização do espaço físico é um reflexo da organização corporal e mental - ou seja, um espaço organizado propicia ações organizadas, planejadas e refletidas, além de diminuir a distração.
*********************************************************************************
LEITURA DE LIVROS INFANTIS NA SALA DE LEITURA
Na Sala de Leitura, as crianças manuseiam livros. Elas podem observar a variedade de tamanhos, formatos, materiais, ilustrações/estilos, disposição do texto escrito no papel (em verso, direto, curto, comprido, letras grandes ou pequenas, etc.), presença/ausência de ilustração ou mesmo de escrita. Mas isso também pode acontecer em sala de aula. No entanto, a sala de leitura é um espaço diferente da sala de aula, pois contém estantes nas quais os livros devem ser guardados, e que oferece livros em exposição pela sua própria natureza de espaço para leitura - e suas regras de utilização do espaço são diferentes.

Nesta visita à Sala de Leitura, a proposta era se familiarizar com o espaço em si, suas características e suas regras de comportamento: manter as estantes organizadas ao escolher/devolver um livro e fazer o mínimo de ruído possível. A criança precisa articular essas regras específicas à todas as demais regras que sempre estão presentes em todos os espaços: cuidar dos materiais, ser gentil com os colegas, não usar agressão, etc. Com os livros, cada autor dispõe as informações gráficas (texto verbal, ilustrações, cores, etc) da maneira que lhe convier para o contexto da sua produção - o que não acontece nos gibis, pois a estrutura dos quadrinhos é mais rígida. Observar como os portadores podem ser diferentes, e fazer isso livremente, proporciona à criança construir um repertório rico de informações sobre os diferentes portadores textuais.

Ás vezes as crianças reproduzem comportamentos leitores que presenciam. Neste caso, o que parece? Parece que uma criança está contando uma história para as outras. É é exatamente isso - só que também é muito mais: as crianças estão "imitando", reproduzindo o comportamento da professora lendo em voz alta para elas. Essa leitura que as crianças "ouvem" informa a elas sobre um determinado tipo de leitura, e sobre os procedimentos para fazê-la. Tudo isso corresponde a aprendizagem da leitura em geral. Aprender a ler não é só juntar as letras e reproduzir sons de palavras!!
*********************************************************************************
PARQUE - OS BRINQUEDOS
Este é um espaço de atividades essencialmente ditas "livres". E as atividades livres no Parque são a maior fonte  de exercícios e conhecimento do próprio corpo para os pequenos. Proporcionam o desenvolvimento da força muscular, agilidade, equilíbrio. Mas também desenvolvem o cérebro, criando estruturas cognitivas através de vivências corporais. Habilidades como cálculo, lateralidade, expressão verbal, iniciativa, resolução de problemas, são algumas das que serão mais bem desenvolvidas quando o movimento físico preparou suas bases, lá na infância.

Em apenas um brinquedo, muitas aprendizagens estão ocorrendo, e como profissionais, é isso o que vemos. Mas, o que parece? Parece uma criança brincando no gira-gira. E é exatamente isso, mas também é mais: logo de cara a criança precisa resolver um problema, que é empurrar o brinquedo e depois sentar-se nele para curtir o seu movimento giratório. Ok, como fazer isso? É o momento em que o cérebro se põe a pensar numa forma de resolver esse problema, analisa, planeja, tenta e erra, até conseguir. E, no movimento giratório, é preciso trabalhar o tônus muscular (manter-se firme para não cair), a coordenação da cabeça e dos olhos, para suportar os giros a ponto de torná-los prazerosos. 
Também é muito divertido encher baldes com areia e tentar girá-los o mais rápido possível, sem derrubá-los. Um estudo da força centrífuga, das tangentes de uma trajetória circular, da força aplicada (energia mecânica)... Crianças também aprendem sobre Física!!

Muitos desafios de habilidade corporal e força são propostos pelos brinquedos do parque sem que precisemos necessariamente intervir. No entanto, algumas regras se fazem necessárias, para a segurança das crianças: esperar a sua vez, não interferir no movimento alheio, cuidar para que as pessoas se machuquem o mínimo possível, utilizar os brinquedos corretamente e para as atividades a que são destinados, etc. 
Neste brinquedo, a criança sente que seus limites de força, resistência, coordenação motora (troca das mãos) e equilíbrio são desafiados. Elas querem chegar cada vez mais longe do que conseguiram na vez anterior, e assim o cérebro vai criando estruturas cognitivas cada vez mais complexas e completas, que vão comandar movimentos cada vez mais controlados e precisos.

Não saber balançar-se nem sempre é um impedimento para o uso dos balanços. A solidariedade e reciprocidade são valores que, com incentivo, podem ser trabalhados em quaisquer situações - até no balanço do parque! Nenhuma dessas crianças sabe se balançar sozinha, mas alternam as tarefas e ajudam-se mutuamente para que ambos possam usufruir do brinquedo. Parece simples e comum, mas são valores perdidos no mundo atual, e que a Escola pode ajudar a resgatar.
E o que mais o balanço pode ensinar? Por si só, o movimento corporal que precisa ser feito para balançar-se sem ajuda, é fruto de uma árdua construção. É um movimento difícil, que requer a tomada de consciência sobre a existência de certos músculos e articulações, para depois aprendermos como movê-los e qual ritmo devemos usar para conseguirmos o efeito desejado. E como se aprende a fazer isso? Fazendo, fazendo, fazendo...
*********************************************************************************
PARQUE - AREIA E INSTRUMENTOS
Ao brincar na areia e utilizar instrumentos (como baldinhos, pás ou sucatas), entra em cena novamente uma categoria do pensamento infantil de que já tratamos nesta postagem: o jogo simbólico. O "faz-de-conta que isso é um bolo de limão", "faz-de-conta que eu sou a mãe e cozinho", que "eu sou dona do restaurante", que "estamos fazendo uma festa"...
 Evidentemente, neste tipo de brincadeira também estão postas todas as habilidades e desafios do campo motor (transporte da areia, preenchimento dos recipientes, moldagem dos "bolos" de areia, cuidado para não desmontar, etc.), e as questões sociais e de convívio (dividir os instrumentos quando não há um para cada criança, respeitar o direito de "posse" do colega sobre certos objetos, cuidar para que os objetos não se quebrem, não jogar areia e nenhum objeto contra os colegas ou aleatoriamente, etc.). 
O que parece? Sim, parece que as crianças estão brincando de areia. E é isso mesmo, mas - já sabemos - também é bem mais:

Como transportar a areia para dentro do pote sem derrubar a areia que já está lá? Mais uma vez, os pequenos se deparam com um problema e precisam resolvê-lo. Rapidamente, um pote menor passa a funcionar como recipiente de transporte da areia, como se fosse uma pá. Problema resolvido! Mas não sem o trabalho em equipe: a ajuda dos colegas tanto no raciocínio quanto na execução.

Negociações sobre os papéis no faz-de-conta: quem é o pai e quem é o filho, qual será a situação, porque deve ser assim e não de outro jeito... Utilização e aprimoramento das habilidades de diálogo, argumentação e justificativa de opiniões. Consideração da opinião alheia, dos diferentes pontos de vista, respeito às escolhas e preferências dos colegas. Praticamente uma dissertação infantil verbalizada! Aqui, claro, com bastante intervenção do profissional, por se tratar de habilidades que as crianças precisam desenvolver, mas que ainda dominam de forma muito primária.

E todos estes esforços geram frutos: eis um castelo com uma torre "muuuuito grande". Você está conseguindo ver??
*********************************************************************************
MASSINHA NA SALA DE AULA

Observem a posição dos dedinhos: o que parece? Parece uma criança brincando de massinha, fazendo um caracol. E é isso mesmo. Mas também é mais: nós, professores, vemos o trabalho dos dedos polegar e indicador - ou seja: trabalho da coordenação motora fina! E pra que serve? É o desenvolvimento dos músculos e da estrutura cognitiva que juntos atuam na coordenação motora fina que vai, mais tarde, auxiliar no manuseio dos lápis, tanto para desenhar quanto para escrever. E quem sabe, de bisturis, de obturadores odontológicos, de baquetas, palhetas, cordas, de pincéis, cinzéis...



E o resultado: o caracol pode se transformar num pirulito. É o trabalho da imaginação dando suporte à representação da realidade através de símbolos (não é um pirulito de verdade, mas sim uma representação simbólica do pirulito). Esse trabalho imaginativo é que vai sustentar a estrutura cognitiva que está se construindo e que, mais tarde, atuará na figuração em desenhos realizados pela criança, e mais ainda: atuará na representação da realidade através de um famoso e importante instrumento de representação simbólica: a escrita!


As atividades livres de exploração da massinha não requerem intervenção do professor no momento em que acontecem, mas através delas podemos observar os conhecimentos que as crianças têm e mostram nas suas produções. Aqui, a criança montou uma figura humana. O que parece? Parece que ela montou um bonequinho. E é isso mesmo, mas também é mais: ela utilizou todo seu conhecimento sobre partes do corpo e suas localizações para refletir e decidir o que seria colocado onde. Ás vezes, estes e outros conhecimentos não aparecem apenas no desenho em papel, aparecem também nas brincadeiras de regras, no jogo simbólico e no manuseio de diferentes materiais. É útil para exercitar os conhecimentos da criança, colocá-los em prática e sob reflexão. Mas também é útil como instrumento de análise da aprendizagem do aluno pelo professor. 


Assim, o fato de a atividade oferecida pelo professor ser "livre" (ou seja, sem uma comanda ou intervenções pontuais), não tira dela seu caráter planejado. O professor sabe exatamente o que pretende observar e proporcionar às crianças quando lhes oferece uma atividade "livre".

O tempo livre da criança é tempo de trabalho reflexivo do professor!!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Um pouco do nosso trabalho...

No último dia da família (05/05) apresentamos um vídeo que mostra um pouquinho do trabalho desenvolvido na  nossa EMEI. A equipe escolar trabalha para que o tempo que a criança passe na escola seja rico e cheio de possibilidades para a aprendizagem.


Assistam e curtam nosso 1º vídeo.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Brincar porque, brincar pra que?

Muitas vezes nos perguntamos: Pra que brincar na escola? E a resposta temos quando observamos de perto nossas crianças. O tempo todo elas estão brincando, brincam com a comida, brincam na hora do banho, brincam consigo mesmas e com os outros, até nos momentos que estamos falando sério a criança está brincando.
A brincadeira é uma linguagem natural da criança, é por meio dela que a criança aprende e se expressa, e é importante que esteja presente na escola desde a educação infantil pois esse é um dos poucos espaços destinados ás crianças que a brincadeira pode acontecer estruturada, com o olhar do professor para o desenvolvimento, expressão e criação dos pequenos.

Além da escola, é muito importante também que os pais brinquem com seus filhos, pois este é um momento rico onde a família muitas vezes tem a oportunidade de conhecer sua criança, saber de suas vontades, sonhos e até mesmo identificar algum problema de desenvolvimento.
"Soubéssemos nós adultos preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena de amor e fraternidade. Resta-nos, então, aprender com as crianças." (Monique Deheinzelin).

Vamos Brincar??

terça-feira, 8 de maio de 2012

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL??

Existe alfabetização na Educação Infantil? 

Deve existir? 

Como é possível alfabetizar sem forçar as crianças a algo para o qual elas não estejam preparadas?

          Ok, vamos começar com o conceito, aquilo a que chamamos "alfabetização". Entendemos alfabetização como o processo (aliás, infinito), de se apropriar das possibilidades de comunicação que a língua nos oferece, especialmente a língua escrita - suas características, regras, convenções e especificidades. Sendo assim, tudo o que pretende utilizar comunicação está envolvido no processo de alfabetização. Ler um livro para as crianças, é alfabetizá-las - sim, pois as estamos informando sobre especificidades de um certo gênero textual, e sobre recursos linguísticos para expressar idéias!! A leitura de diferentes portadores textuais e diferentes gêneros vai repertoriando a crianças sobre as possibilidades e usos de sua própria língua, na versão escrita.

                  Mas e a grafia? Numa idade em que é tão importante brincar, na qual a brincadeira é a forma de aprendizagem, como se  ensina a escrever? Não seria arbitrário?
Entendemos que todas as atividades podem se tornar lúdicas e divertidas, desde que  se planeje a forma de oferecê-las às crianças. Nada de "sente-se e faça sua lição!". Bom mesmo é participar de atividades divertidas e desafiadoras, tendo seu ritmo compreendido pela professora e "desrespeitado" na medida certa, gerando evolução. 

                 O trabalho com as letras iniciais do próprio nome e dos nomes dos colegas pode ser um bom jeito de aproximar as crianças da EMEI às especificidades da língua escrita. É a primeira associação gráfica, mesmo sendo arbitrária no início do trabalho: dizemos à criança "esta é sua letra. É o C." Em pouco tempo, ela estará identificando os colegas que tem a letra igual à sua, e a partir dessa informação pode-se introduzir outras acerca da sonoridade que esta letra pode representar na escrita dos nomes - e até de outras palavras!

                  Abaixo, o primeiro "COCORICÓ" do ano de 2012 (diz o ditado popular caipira que "galinha que bota e não cacareja, vai pra panela". A cada "ovo", cada realização, é preciso cacarejar!!).

                   É o começo de uma sequência didática planejada para aproximar as crianças das letras e da escrita do próprio nome. 

                 A turma do Infantil I 5E (tarde) tendo seu primeiro contato "oficial" com a inicial do próprio nome. Aqui, cada criança recebeu da professora a "sua letrinha", junto com a informação de que letra se tratava. Cada uma foi colada pelo seu "dono" no quadro branco, que foi previamente organizado com rolinhos de fita crepe. Após colar a letra, a criança informava aos colegas o nome de sua letra: "minha letra é o C!"

 As letras "tortas" e de ponta cabeça não são problemas nesse momento. Ainda não há um referencial fixo para informar a posição correta das letras. Aos poucos, essa informação vai sendo construída pelas crianças, quando são levadas a observar e a brincar com letras em outros contextos e diferentes atividades. A letra C que aparece colada acima é a da professora, Camila. Ela mesma começou a atividade, mostrando às crianças sua letra e dizendo que se chamava "C de Camila". Discretamente, já foram transmitidas nesse ato algumas informações sobre a grafia desta letra.



 O interesse das crianças pelas letrinhas foi surpreendente. Nesta faixa etária está em voga a construção da identidade. O nome próprio é seu referencial mais forte de identidade, e pode ser fascinante descobrir que pode ser escrito!!



Cada criança vai construindo estruturas cognitivas para acomodar as novas informações. Esta, ao ser informada que sua letra era o "M", questionou sobre como ela era feita. A professora, com a ajuda do canetão, reproduziu a letra. Imediatamente, a criança concluiu: "Ah, a minha é sobe-desce-sobe-desce!".