terça-feira, 8 de maio de 2012

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL??

Existe alfabetização na Educação Infantil? 

Deve existir? 

Como é possível alfabetizar sem forçar as crianças a algo para o qual elas não estejam preparadas?

          Ok, vamos começar com o conceito, aquilo a que chamamos "alfabetização". Entendemos alfabetização como o processo (aliás, infinito), de se apropriar das possibilidades de comunicação que a língua nos oferece, especialmente a língua escrita - suas características, regras, convenções e especificidades. Sendo assim, tudo o que pretende utilizar comunicação está envolvido no processo de alfabetização. Ler um livro para as crianças, é alfabetizá-las - sim, pois as estamos informando sobre especificidades de um certo gênero textual, e sobre recursos linguísticos para expressar idéias!! A leitura de diferentes portadores textuais e diferentes gêneros vai repertoriando a crianças sobre as possibilidades e usos de sua própria língua, na versão escrita.

                  Mas e a grafia? Numa idade em que é tão importante brincar, na qual a brincadeira é a forma de aprendizagem, como se  ensina a escrever? Não seria arbitrário?
Entendemos que todas as atividades podem se tornar lúdicas e divertidas, desde que  se planeje a forma de oferecê-las às crianças. Nada de "sente-se e faça sua lição!". Bom mesmo é participar de atividades divertidas e desafiadoras, tendo seu ritmo compreendido pela professora e "desrespeitado" na medida certa, gerando evolução. 

                 O trabalho com as letras iniciais do próprio nome e dos nomes dos colegas pode ser um bom jeito de aproximar as crianças da EMEI às especificidades da língua escrita. É a primeira associação gráfica, mesmo sendo arbitrária no início do trabalho: dizemos à criança "esta é sua letra. É o C." Em pouco tempo, ela estará identificando os colegas que tem a letra igual à sua, e a partir dessa informação pode-se introduzir outras acerca da sonoridade que esta letra pode representar na escrita dos nomes - e até de outras palavras!

                  Abaixo, o primeiro "COCORICÓ" do ano de 2012 (diz o ditado popular caipira que "galinha que bota e não cacareja, vai pra panela". A cada "ovo", cada realização, é preciso cacarejar!!).

                   É o começo de uma sequência didática planejada para aproximar as crianças das letras e da escrita do próprio nome. 

                 A turma do Infantil I 5E (tarde) tendo seu primeiro contato "oficial" com a inicial do próprio nome. Aqui, cada criança recebeu da professora a "sua letrinha", junto com a informação de que letra se tratava. Cada uma foi colada pelo seu "dono" no quadro branco, que foi previamente organizado com rolinhos de fita crepe. Após colar a letra, a criança informava aos colegas o nome de sua letra: "minha letra é o C!"

 As letras "tortas" e de ponta cabeça não são problemas nesse momento. Ainda não há um referencial fixo para informar a posição correta das letras. Aos poucos, essa informação vai sendo construída pelas crianças, quando são levadas a observar e a brincar com letras em outros contextos e diferentes atividades. A letra C que aparece colada acima é a da professora, Camila. Ela mesma começou a atividade, mostrando às crianças sua letra e dizendo que se chamava "C de Camila". Discretamente, já foram transmitidas nesse ato algumas informações sobre a grafia desta letra.



 O interesse das crianças pelas letrinhas foi surpreendente. Nesta faixa etária está em voga a construção da identidade. O nome próprio é seu referencial mais forte de identidade, e pode ser fascinante descobrir que pode ser escrito!!



Cada criança vai construindo estruturas cognitivas para acomodar as novas informações. Esta, ao ser informada que sua letra era o "M", questionou sobre como ela era feita. A professora, com a ajuda do canetão, reproduziu a letra. Imediatamente, a criança concluiu: "Ah, a minha é sobe-desce-sobe-desce!".

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